domingo, 29 de agosto de 2010

Idem

Em julho a Revista TPM completou a marca de 100 edições e para comemorar, fez uma revista especial com 100 mulheres falando sobre assuntos variados.Achei as perguntas (e as respostas também) bem legais.
A revista me fez lembrar daqueles caderninhos de perguntas do Ginásio (não, não curto o Formspring.me). Foram nesses caderninhos que aprendi o significado da palavra "idem" (só para justificar o teor cultural).
Sei que ninguém me perguntou nada,por isso resolvi me perguntar e responder algumas das questões da revista, num estilinho umbigo do mundo caderninho de colegial.
Então, copia ai e responde também ! (mas não deixa a professora ler,hein?)

#Em que momentos você se sente 100% satisfeita?
 Quando termino de ler um livro que gostei muito. Fecho o livro e fico ali, segurando-o e relembrando o que li.

#O que mais te assusta em você mesma?
A capacidade de me emocionar. E também a capacidade de não guardar mágoa.
#O que achou que jamais faria, mas acabou fazendo?
Virar adulta (aqui caberia um “idem” ao da Nina Lemos)
#Que conselho você daria a si mesma no passado?
Você não tem obrigação de ser tão boazinha e viver dizendo sim. Não carregue o mundo nas costas, garota!
#Que música você gostaria que tivesse sido feita para você?
Muitas. Muitas mesmo.Mas agora veio à minha cabeça All star do Nando Reis.
#Naqueles dias, como é a sua TPM, em 140 toques?
Rios de lágrimas e melancolia, entremeados com inchaço e muita vontade de beber coca-cola.
  
#O que você perguntaria para qualquer pessoa?
Se eu estivesse puta da vida: Te conheço ?
#Qual a parte do teu corpo que mais gosta de receber carinhos?
Carinhos e mordidinhas no pescoço.
#O que melhora no sexo com a idade? E o que piora?
Melhora: você sabe o que quer e como quer. Piora: Você sabe o que e como quer.
#Qual foi a ultima peça de roupa que você comprou? Por que? Já usou?
Calça saruel.Porque descobri que apesar do bundão, fico bem nesses modelos.Claro que já usei.Não consigo comprar  e deixar guardado, sou ansiosa demais.
#3 coisas que não podem faltar na sua bolsa:
Carteira, corretivo e celular.
#Qual o canto da casa onde você adora ficar?
Hoje, no meu quarto. Na casa nova ainda vou testar.
#Qual a obra de arte que você gostaria de ter feito?
A Medusa Marinara do Vik Muniz. Sempre gostei muito desta peça. E alguns grafites que vejo pelos muros da cidade.

#Se você tivesse uma camiseta de protesto, o que estaria escrito nela?
Na frente: Mais amor, por favor.  Atras: Tudo passa.

#O que você ainda não fez e quer muito fazer na vida?
Viajar, viajar.
#Um sonho secreto?
Ser cantora e gravar vários clipes nos meus shows com milhões de pessoas cantando junto comigo. Eu viro o microfone para o publico e deixo eles cantarem um pedacinho da minha musica.
Ser rica também é um sonho, mas não é secreto.

quinta-feira, 19 de agosto de 2010

Socorro! Ouço Vozes

Socorro! Ouço Vozes
Era uma vez um dia livre. O que fazer? Vontade de ficar em casa, sem fazer nada. Mas talvez você devesse ir à academia se exercitar um pouco. Pensando bem, tantas exposicões legais e tão raro ter um dia livre. E sua avó, que você prometeu visitar? Mas, se for ficar em casa mesmo, vê se arruma aquelas gavetas! Para distrair suas vozes internas, você decide folhear uma revista. E a tortura prossegue…
A página, aberta aleatoriamente, diz assim: “transforme uma simples chuveirada em um ritual de beleza e bem-estar”. Mas por que uma simples chuveirada não pode ser uma simples chuveirada? Por que tudo tem que ser uma experiência maravilhosa, um ritual inesquecível? O que fazer com tanta expectativa? Na chuveirada e na vida? E, pior, o que fazer com essa verdade mentirosa que diz que tudo depende das suas escolhas? Do Mozart que, caso você escolha fazer seu bebê ouvir, o fará mais inteligente à soja que, caso você escolha comer, fará você viver mais. A perguntinha segue ressoando: será que você está fazendo a escolha certa?
A combinação do discurso da autonomia individual com ideais de vida sempre tão rigorosos, pode ser muito boa para quem vende produtos, técnicas ou conselhos. Para quem está do lado de cá do balcão, é apenas um cercadinho travestido de liberdade, que gera falta e frustração. Você paga pela frustração de nunca chegar lá - até porque “lá” nunca estará no mesmo lugar – e ganha a culpa de brinde, ao duvidar das escolhas que fez. Porque, é claro, vai duvidar.

Culpa, o pretinho básico
Curioso como a culpa tornou-se um lugar comum nas representações do feminino contemporâneo. Falar da mulher, de uns tempos para cá, é quase sempre falar de múltiplos papéis e da culpa pela impossibilidade de exercê-los com perfeição. Na mídia e na publicidade, a culpa feminina é o tubinho preto, o must have. E funciona como o componente de sinceridade de um discurso que pretende ser mais verdadeiro. Que ganho pequenino. Sinceridade, mesmo, é dizer que a mulher sente tanta culpa simplesmente porque não é livre. Porque no picadeiro de malabaristas, trapezistas e equilibristas ainda não cabem outras escolhas ou reais imperfeições. A não ser por essa pequena, embora muito perturbadora, concessão: a culpa por não ser perfeita.
Via: Blog da Denise Gallo
Imagem: Esao Andrews

quarta-feira, 18 de agosto de 2010

Vai passar

"Vai passar, tu sabes que vai passar. Talvez não amanhã, mas dentro de uma semana, um mês ou dois, quem sabe? O verão está ai, haverá sol quase todos os dias, e sempre resta essa coisa chamada “impulso vital”. Pois esse impulso às vezes cruel, porque não permite que nenhuma dor insista por muito tempo, te empurrará quem sabe para o sol, para o mar, para uma nova estrada qualquer e, de repente, no meio de uma frase ou de um movimento te supreenderás pensando algo como “estou contente outra vez”. Ou simplesmente “continuo”, porque já não temos mais idade para, dramaticamente, usarmos palavras grandiloqüentes como “sempre” ou “nunca”. Ninguém sabe como, mas aos poucos fomos aprendendo sobre a continuidade da vida, das pessoas e das coisas. Já não tentamos o suicidio nem cometemos gestos tresloucados. Alguns, sim - nós, não. Contidamente, continuamos. E substituimos expressões fatais como “não resistirei” por outras mais mansas, como “sei que vai passar”. Esse o nosso jeito de continuar, o mais eficiente e também o mais cômodo, porque não implica em decisões, apenas em paciência.
Claro que no começo não terás sono ou dormirás demais. Fumarás muito, também, e talvez até mesmo te permitas tomar alguns desses comprimidos para disfarçar a dor. Claro que no começo, pouco depois de acordar, olhando à tua volta a paisagem de todo dia, sentirás atravessada não sabes se na garganta ou no peito ou na mente - e não importa - essa coisa que chamarás com cuidado, de “uma ausência”. E haverá momentos em que esse osso duro se transformará numa espécie de coroa de arame farpado sobre tua cabeça, em garras, ratoeira e tenazes no teu coração. Atravessarás o dia fazendo coisas como tirar a poeira de livros antigos e velhos discos, como se não houvesse nada mais importante a fazer. E caminharás devagar pela casa, molhando as plantas e abrindo janelas para que sopre esse vento que deve levar embora memórias e cansaços.
Contarás nos dedos os dias que faltam para que termine o ano, não são muitos, pensarás com alívio. E morbidamente talvez enumeres todas as vezes que a loucura, a morte, a fome, a doença, a violência e o desespero roçaram teus ombros e os de teus amigos. Serão tantas que desistirás de contar. Então fingirás - aplicadamente, fingirás acreditar que no próximo ano tudo será diferente, que as coisas sempre se renovam. Embora saibas que há perdas realmente irreparáveis e que um braço amputado jamais se reconstituirá sozinho. Achando graça, pensarás com inveja na largatixa, regenerando sua própria cauda cortada. Mas no espelho cru, os teus olhos já não acham graça.
Tão longe ficou o tempo, esse, e pensarás, no tempo, naquele, e sentirás uma vontade absurda de tomar atitudes como voltar para a casa de teus avós ou teus pais ou tomar um trem para um lugar desconhecido ou telefonar para um número qualquer (e contar, contar, contar) ou escrever uma carta tão desesperada que alguém se compadeça de ti e corra a te socorrer com chás e bolos, ajeitando as cobertas à tua volta e limpando o suor frio de tua testa.
Já não é tempo de desesperos. Refreias quase seguro as vontades impossíveis. Depois repetes, muitas vezes, como quem masca, ruminas uma frase escrita faz algum tempo. Qualquer coisa assim:
- … mastiga a ameixa frouxa. Mastiga , mastiga, mastiga: inventa o gosto insípido na boca seca."
Caio Fernando Abreu

segunda-feira, 9 de agosto de 2010

Você sabe que...

...está ficando velho quando não entende as gírias usadas pelos seus sobrinhos adolescentes:
- Po tia, fulano é o maior vinagrete.
- Ahn? Como assim ?
- Vinagrete, tia.Aquele molho que acompanha o churrasco.
- Tá, eu sei o que é vinagrete, mas e ai ?
- Então tia, fulano é o maior lerdão.Fica paradão nas festas, nas rodinhas de bate papo...ele só acompanha, não desenvolve nada, sacou ?
- Ah, então tá, então.