segunda-feira, 4 de agosto de 2008

Misto Quente, Charles Bukowski

Terminei de ler o Bukowski que ganhei (Misto Quente).
Demorei, não por falta de vontade, mas por falta de tempo (ahh e quando eu gosto muito , leio devagar para "não gastar" ¹)
Já tinha ouvido falar do Bukowski, acho que quando conheci o Crumb, dai pesquisei a biografia dele e sempre quis ler algum de seus livros, até que ganhei Misto Quente no dia dos namorados e mergulhei.
O velho Buck é daqueles que se ama ou se odeia e eu adoro isso: Intensidade.
O cara escreve sem rodeios.É direto, cru e sujo.
Misto Quente, dizem os críticos, tem um quê de autobiografia e conta a hitória de Henry Chinaski (Bukowski), nascido na Alemanha e que ainda criança chega aos EUA em plena recessão dos anos 30.
Pobre, feio, tímido e que de tanto ser excluído, passa a excluir.
Pai fracassado e um tanto psicótico, mãe passiva, vida de aparências.
Apesar de tudo isso, Henry não se faz de coitadinho ou tao pouco se porta como heroi.Ele apenas vai levando, apático, duro e cada vez mais seco.
Foi ai que me ganhou.
As criticas à sociedade estão inseridas nas entrelinhas, nas observações que Henry faz acerca da sociedade e de si mesmo...Não há choros ou vitórias.
Sem talento, sem diploma, sem vontade de trabalhar e cada vez mais afogado no álcool e nos cigarros, é nos livros da biblioteca pública e em escritores como Fante, Upon Sinclair que Henry forma e desenvolve seu pensamento crítico. Começa a escrever, chega a criar um herói aviador, mas seu pai encontra seus escritos e fica chocado, jogando tudo pelas ruas.
Só resta ao jovem Chinaski o submundo. Vivendo de jogos e gastando o pouco que ganha com álcool e cigarros.Não fica triste, gosta de estar só.
Um texto forte, sincero e simples. Sem firulas. Um soco na cara.

"Sentei-me novamente e servi um copo de vinho. Deixei a minha porta aberta. A luz do luar entrou trazendo consigo os sons da cidade: vitrolas, automóveis, palavrões, latidos, rádios… Estávamos todos juntos nisso. Todos juntos num grande vaso cheio de merda. Não havia escapatória. Todos desceríamos juntos com a descarga"

¹- Renatice

Um comentário:

Ni Barreto disse...

qual será o próximo? o do açúcar?